Aromatizante: qual usamos e por quê.
Aromatizante é um aditivo alimentar que é adicionado a um alimento com objetivo de melhorar o sabor e o aroma do mesmo.
Existem 3 classes de aromatizantes, segundo a legislação brasileira:
- Aromatizante natural:
- Aromatizante sintético idêntico ao natural
- Aromatizante artificial
Nós utilizamos a segunda classe, os aromatizantes idênticos ao natural, e vamos explicar porque acreditamos que essa é a melhor escolha.
Definições dos aromas
A definição de cada um, segundo a Anvisa, é a seguinte:
Os aromas naturais “são obtidos exclusivamente por métodos físicos, microbiológicos ou enzimáticos, a partir de matérias-primas aromatizantes naturais”, as quais são “produtos de origem animal ou vegetal aceitáveis para consumo humano, que contenham substâncias odoríferas e ou sápidas, seja em seu estado natural ou após um tratamento adequado, como: torrefação, cocção, fermentação, enriquecimento, tratamento enzimático ou outros”.
Os aromas idênticos aos naturais “são as substâncias quimicamente definidas obtidas por síntese e aquelas isoladas por processos químicos a partir de matérias-primas de origem animal, vegetal ou microbiana que apresentam uma estrutura química idêntica às substâncias presentes nas referidas matérias-primas naturais (processadas ou não)”.
Os aromas artificiais “são os compostos químicos obtidos por síntese, que ainda não tenham sido identificados em produtos de origem animal, vegetal ou microbiana, utilizados em seu estado primário ou preparados para o consumo humano”.
Dadas as definições, pergunto: qual é o melhor?
Você deve estar pensando “claro que o natural – afinal, tudo que é natural é melhor”. Certo?
Talvez não. Vou explicar.
Para entender melhor, é preciso entender como é feito cada classe de aromatizante.
Como é feito cada classe de aromatizante
Vamos tentar exemplificar como cada classe de aromatizante é produzida. Vale ressaltar que os exemplos são simplificações apenas para ilustrar.
Aromatizante natural
Vamos produzir o aromatizante natural de laranja. Para isso, precisamos pegar uma tonelada de laranjas e colocá-las num caldeirão (tipo de bruxa), e ferver. Daí jogamos uma enzima para separar a molécula X, que é a que dá o cheiro da laranja desse sucão de laranja que está no caldeirão. Então continuamos fervendo e com a ajuda dessa enzima, o suco e a água evaporam e o que sobra é a molécula X, que dá o aroma de laranja.
Aromatizante sintético idêntico ao natural
Vamos agora produzir o aromatizante sintético idêntico ao natural de laranja. Já identificamos que a molécula que dá o cheiro da laranja é a molécula X. Porém, em estudos no laboratório, identificamos que se fizermos uma reação química entre as moléculas Y e W, que são duas moléculas encontradas na natureza, o resultado é a molécula X. A fórmula química é:
Y + W → X
Dessa forma, produzimos uma molécula idêntica à natural, porém através de uma reação química.
Sabe o que isso parece? Produzir água em laboratório. Você deve lembrar dessa reação química:
2 H2 + O2 → 2 H2O
Lembra do filme “Perdido em Marte”, no qual o ator Matt Damon produz água? No filme, ele pega hidrogênio e oxigênio em estado gasoso para produzir água. É tipo isso com o aromatizante idêntico ao natural: o cientista pega duas substâncias químicas naturais e produz através de uma reação, a molécula X, que é idêntica à natural.
É daí que vem a palavra “sintético”, porque é sintetizado em laboratório. Da mesma forma, a água que o Matt Damon produz é uma “água sintética” – mas nem por isso ele passa mal ao tomar.
Aromatizante artificial
O processo é similar ao idêntico ao natural, só que com uma diferença: o resultado final não é uma molécula que existe na natureza.
Por exemplo, o cientista identifica que a molécula C tem o mesmo aroma de laranja. Só que a molécula C não existe na natureza. Ele pode produzir a molécula C através de uma reação parecida com a anterior. Vamos supor que ele viu que reagir as moléculas A e B, que são duas moléculas que podem ser de origem natural ou não, e produz a C:
A + B → C
E assim você tem um aromatizante artificial.
E agora, qual é o melhor?
Primeiro, vamos por eliminação: coisas artificiais, que não existem na natureza, normalmente são “complicadas”. O ser humano nunca teve contato com aquela molécula, então é difícil saber o que pode acontecer no longo prazo se ingerirmos essa molécula. Portanto, vamos eliminar o aromatizante artificial, ainda mais porque aqui na 2S Nutrição não gostamos de coisas artificiais.
Agora resta a dúvida: natural ou sintético idêntico ao natural?
A maioria das pessoas diria que natural, com certeza. Mas vamos analisar com cautela antes de tomar essa decisão:
Primeiro problema: pureza. No aromatizante natural, como a molécula X veio direto de um caldeirão de laranja, pode ser que ela não seja totalmente pura, e algumas substâncias da própria laranja continuem presentes. Substâncias quem podem vir a estragar mais fácil, ou ainda proliferar bactérias e fungos. Afinal, veio de um caldeirão de fruta.
Segundo problema: não é exatamente o que você pensa que é. Por definição, aroma natural é a substância aromatizante que vem direto da natureza. Mas não necessariamente da fruta que você imagina. Por exemplo, o aroma de morango pode vir da mistura de substâncias da amora e da tangerina. Até algumas coisas bizarras: existe um tipo de aroma natural de baunilha que vem da secreção anal de castores. Sim, você não leu errado. Só porque vem de um lugar “natural”, o aroma é considerado natural.
Terceiro problema: sustentabilidade. Você já tentou comprar baunilha no mercado? Ou não tem ou é absurdamente caro. Sabe o motivo? Porque o mundo todo compra favas de baunilha para fazer “aroma natural” de baunilha. Aí entram vários problemas: 1) oscilação de preço devido à sazonalidade das safras; 2) suscetibilidade a desastres naturais nas safras, e consequente aumento no preço; 3) falta no mercado pra você fazer sua receitinha com baunilha. Ou seja, é insustentável ter que plantar milhares de toneladas de baunilha só para fazer o aroma de baunilha.
Quarto problema: preço. Devido ao problema acima, o preço do aroma natural é pelo menos umas 5 vezes mais caro que os sintéticos. Isso é ruim para o consumidor, que acaba tendo que pagar mais caro por algo mais “natural”, que muitas vezes não é tão melhor assim, como vimos.
Por conta desses problemas apresentados acima é que tomamos a decisão de utilizar aromas idênticos aos naturais em nossas fórmulas. Esses ingredientes são mais puros, mais baratos e mais sustentáveis que a alternativa natural. E como são moléculas idênticas às naturais, não vemos problema em seu consumo.
Além disso, a quantidade utilizada desse aditivo é muito pequena. O aroma representa aproximadamente 0,25% de uma porção do SuperShake. É muito pouco, quase imperceptível. Para colocar em perspectiva, veja a imagem abaixo. O pontinho verde é a quantidade de aroma. Consegue enxergar?
Por fim, vamos terminar com algumas dúvidas frequentes:
Por que utilizar aromatizante?
Aqui na 2S nutrição nós queremos que nossos produtos sejam o mais natural possível e pouco processados. Seria possível não utilizar aroma? Sim, seria possível. Porém, o produto final ficaria com um sabor ruim, muito mais “farinhento”, já que usamos muitas farinhas naturais.
Acreditamos que ter um sabor agradável é muito importante, desde que não prejudique a saudabilidade do produto. Como apresentado acima, acreditamos fielmente que a quantidade utilizada de aromatizante não prejudica em nada a qualidade do produto e consegue agregar um bom sabor. Por isso optamos em utilizar o aroma.
Utilizar o aroma idêntico ao natural faz com que o produto deixe de ser natural?
Definir um alimento como natural ou não natural é um assunto muito controverso. Por exemplo, banana é natural? Muitas pessoas dirão que sim, mas outras vão dizer que se foi plantada com pesticida, não é natural. A verdade é que não existe bem um consenso.
Na 2S Nutrição nós dizemos que nossos produtos são naturais, pois os ingredientes majoritários são provenientes de fontes naturais e pouco processadas (como aveia, linhaça, soja, cacau, frutas), e não utilizamos aditivos artificiais, como conservantes, corantes, ou adoçantes artificiais.
Sim, nós utilizamos o aromatizante sintético idêntico ao natural, mas como foi explanado nessa matéria, acreditamos que isso não faz de nossos produtos “menos naturais”, da mesma forma que a água que o Matt Damon tomou em marte não é “menos natural”. Como a molécula é idêntica àquela presente na natureza, acreditamos que continua sendo um ingrediente natural, e pelos motivos apresentados, acreditamos ser ainda melhor que o aroma dito natural.